GRÉCIA
Historicamente está difundida a idéia de que a Grécia conheceu a videira e o vinho aproximadamente 2.000 anos antes de Cristo, provavelmente pelas mãos dos fenícios. A partir desse conhecimento aperfeiçoou a descoberta de modo a toná-la como uma de suas principais atividades. A devoção à bebida foi consagrada inclusive com a adoção de um patrono especial, Dionísio filho de Zeus. Sua contribuição para o aperfeiçoamento da bebida foi muito importante graças à grande sabedoria que reinava à época nessa civilização que tantos conhecimentos legou à humanidade. Além disso cabe-lhes a glória de ter sido importante difusor do conhecimento da bebida sendo muito famosas suas incursões na península itálica onde fundou a Magna Grécia e sul da França no delta do Rhône onde onde fundou Massalia, aproveitando o rio para divulgar seus conhecimentos através de incursões vale acima.
Promoveu inúmeras criações em torno do vinho com adição de inúmeras substâncias após a vinificação e criando a famosa Retsina com adição de resina de eucalípto. O Império Romano que se seguiu à civilização grega da qual absorveu a maior parte dos conhecimentos, promoveu com grande desempenho o conhecimento e aperfeiçoamento do vinho sendo o responsável pela ampla difusão por praticamente toda a Europa por onde expandiu seu império.
Desde a derrota para o invencível império a Grécia praticamente estacionou sua atividade vitivinícola. Outro obstáculo foi também ao tempo em que foi praticamente englobada pelo Império Bizantino na Idade Média. A tradição na atividade porém manteve-se latente vindo a renascer mais tarde juntamente com o despertar daqueles cânones antigos que construíram seu passado glorioso.
Durante muitos séculos a atividade se manteve viva mas silenciosa, guardando como em segredo o grande potencial concentrado pelo conhecimento adquirido no passado glorioso. No século XIX o grande ideal do vinho grego começou a renascer pela criação de núcleos empresariais ligados à produção alcoólica onde o vinho aparecia em segundo plano. A atividade comercial era incipiente com comercialização da bebida a granel, pois o vinho grego somente veio a conhecer a garrafa nos tempos modernos. Pode-se afirmar que o impulso consistente veio a se confirmar na década de 70 que coinscide com o “boom” do desenvolvimento dos paises considerados do Novo Mundo. Uma grande contribuição para tanto foi dada não somente pelo afluxo de técnicos do exterior como da atração provocada em grande contingente de jovens gregos pelo estudo da matéria com aperfeiçoamento nos centros mais desenvolvidos da Europa. Concomitantemente o hábito cultural do povo em relação ao vinho sofreu forte mudança pela procura de vinhos mais finos, buscando a qualidade o que contribuiu decisivamente para a diversificação do mercado interno.
CLIMA E SOLO – A Grécia é composta por uma parte continental e inúmeras ilhas estando bem postada dentre os paralelos 33º e 42º lalitude norte dentro portanto da área do globo onde prevalece um clima temperado com estações bem marcadas. Além disso conta com forte presença marítima o que confere frescor.
O perfil grego é acidentado marcado pela presença de montanhas, vales e rios que se estabelecem sobre um solo variado muitas vezes rochoso, vulcânico e áreas planas com perfil calcário sobre pedras, areia e argila.
UVAS – Existe um grande número de cepas autóctones, provavelmente mais de 200 variedades, que são bem utilizadas embora atualmente também lancem mão de cepas francesas. Entre as brancas destacam-se – Assyrtico – Savatiano – Roditis – Athiri – etc. No rol das tintas estão – Agiorgitiko – Limnio – Xinomavro – Mandilaria – Mavrodaphne – etc.
LEGISLAÇÃO – A regulamentação da produção vinícola grega obedece a critérios similares aos outros países europeus e alguns próprios somente aí encontrados. Assim, obedecendo aos critérios impostos pelo mercado comum europeu divide os vinhos em duas grandes categorias:
- VINHOS DE MESA
- VQPRD (vinho de qualidade produzido em região demarcada)
Além dessas categorias a legislação preve a existência de duas outras categorias de vinho:
- DOC – Denominação de orígem controlada.
A essa categoria pertencem somente os vinhos doces produzidos a partir de Muscat e Mavrodaphne que recebem um selo azul sob a cápsula.
- DOQS – Denominação de orígem de qualidade superior.
Que distingue os vinhos secos distinguidos com um selo vermelho em fundo rosado.
RETSINA – A Grécia produz diferentes tipos de vinho como secos, doces, brancos, tintos, rosados, fortificados, etc. porém possui uma especialidade chamada Retsina, ou vinho resinado que na verdade se trata de um vinho comum vinificado como todos os outros porém, ao qual se adiciona fragmentos de resina de eucalipto. O aroma é bastante peculiar e o paladar exótico que não possui unanimidade entre os consumidores. Trata-se de uma tradição ao tempo em que as ânforas eram besuntadas com o produto com a finalidade de proteger o vinho.
ÁREA CULTIVADA: 150.000ha – PRODUÇÃO: 3.500.000hl – assim distribuida
CONTINENTE:
- NORTE
- Macedônia e Trácia – Predominância de vinhos tintos com Xinomavro.
- Encostas do Monte Meliton (Sitone) – Zona de brancos com Assyrtico – Roditis – Athiri, e tintos com Limnio e Cabernet Sauvignon. Vinhedos implantados sobretudo nas encostas do Monte Meliton. O célebre enólogo francês Émile Peynaud considerou a região capaz de produzir um vinho ao estilo clássico de Bordeaux.
- CENTRO
- Epiro e Tessalia
- Zitsa – dedicada a espumantes leves com a cepa local Debina.
- Rapsani – especial para vinhos tintos com a uva Xynomavro cortada por outras cepas locais nas encostas do Olimpo.
- Anchialos – vinhos brancos secos.
- PELOPONESO
Compreende uma área extensa na parte sul pertencente à Península do Peloponeso com produção variável de brancos e tintos com destaque para um fortificado famoso com a cepa Mavrodaphne. É a região com o maior número de áreas demarcadas.
Nemea – com Agiorgitiko
Mantinia – com Maschofilero
Muscat de Patras – Mavrodaphne de Patras – fortificado muito parecido com Vinho do Porto.
ILHAS:
- Lemnos – Vinhos doces com Muscat d’Alessandrie
- Cefalônia – Vinho Robola branco seco
- Samos – Mistela famoso além de um célebre Muscat de Samos.
- Paros
- Santorini – Predomina a cepa Assyrtiko
- Rhodes – Cepas Athiri e Mandilaria
- Creta – Tintos secos ou doces: Daphnes – Sitia – Archanes, cepas indígenas da mais longínqua antiguidade. Peza é a principal área que fica no centro da ilha.
GAIA VINHOS
A Gaia Vinhos fundada em 1994 por Yiannis Paraskevopoulos e Leon Karastsaios comemorou no mesmo ano o lançamento de seu famoso vinho branco Thalassitis, um genuino produto de Santorini com o objetivo alcançado de chegar ao top dos vinhos finos da Grécia. Nascia assim o projeto de lançar no mercado mundial os produtos dignos representantes das variedades indígenas gregas. Logo em seguida nasceu o Notios Branco originado pela feliz união de Moschofilero e Roditis, representantes desse grupo de uvas. As adegas da empresa se encontram nas áreas nobres gregas Nemea no Peloponeso e Santorini a célebre e histórica ilha grega. Daí em diante o desenvolvimento rápido comemorado com sucessos crescentes fez surgir também vinhos tintos e rosados como Notios Red com Agiorgitiko e Ritinitis Nobilis retsina. Nessa trajetória de sucesso o ápice foi alcançado em 1999 com a produção do Thalassitis Oak Fermented em Santorini um verdadeiro Gaia Estate trazendo a cepa Agiorgitiko ao panteão dos grandes vinhos vocacionado à longevidade. Entrando no ramo delicado dos vinhos doces introduziu um Nemeia com Agiorgitiko secas ao sol de outono com cinco anos de envelhecimento. Mais recentemente a adega de Santorini foi palco para o nascimento do vinho motivo deste artigo, o Assyrtiko Wild Ferment fermentado em pequenos tanques e barricas com leveduras selvangens alcançando provavelmente o mais alto grau de qualidade para deleite do consumidor que acreditou na empresa.
ADEGA DE SANTORINI
Foi construida numa praia a leste da ilha entre os assentamentos de Kamari e Monólithos, a partir da reconstrução de antiga fábrica de produtos industrializados a partir do tomate na década de 1900. A arquitetura foi preservada dando lugar a inovações compatíveis com a produção vinícola. Aí nasceu e cresceu o Assyrtiko Wild Ferment entre outros acompanhado da produção de raro e doce vinagre aromático com a mesma uva.
ASSYRTIKO WILD FERMENT
Com cepas provenientes de Episkopi, Akrotiri e Pyrgos foi produzido o Assyrtiko Wild Ferment, deixando claro que as uvas de Pyrgos são especialmente ricas no aroma. Sofreu uma maceração pré-fermentação a 10ºC sendo posteriormente fermentado em tanques de inox de 1000 litros e outra parte em barricas novas de carvalho francês e americano de 225 litros além de uma pequena parte em barricas de acácia observando uma subida natural da temperatura. Nesses três ambientes as leveduras selvagens vão desenvolver o seu trabalho adaptando-se ao mesmos para determinar a característica do vinho. A graduação alcoólica atinge 13%.
ANÁLISE VISUAL – Coloração citrino amarelada brilhante e transparente.
ANÁLISE OLFATIVA – Grande temperamento olfativo de instigante complexidade onde se destacam frutas cítricas ornamentadas por agradável floral notando-se ainda presença de baunilha e toque mineral insistente.
ANÁLISE GUSTATIVA – Na boca prevalece o equilíbrio entre acidez pulsante e álcool traduzindo uma elegante estrutura marcada por frutado citrino envolvente com grande frescor. Final denso e longo marcado por especiarias.
AVALIAÇÃO: 91/100
PREÇO: R$ 178,00 – IMPORTADORA MISTRAL – 3372-3400
Saúde!
Daniel Pinto – danipin@uol.com.br