A primeira confraria de vinhos do Brasil
fundada em 1980


O VINHO DO MÊS: GLEN CARLOU GRAND CLASSIQUE 2011

ÁFRICA DO SUL.

A África do Sul foi colonizada inicialmente por holandeses que aí chegaram por volta de 1655 que foram os primeiros a levarem entre outras atividades aquela relacionada com o vinho quando o médico Jan Van Riebek plantou a primeira videira fazendo nascer o primeiro vinho em 1659. Mais tarde também franceses chegaram ao Cabo da Boa Esperança, antes Cabo das Tormentas aportando na atual Cidade do Cabo. Tratava-se de perseguidos religiosos por serem huguenotes não simpáticos à igreja católica francesa. Fincaram raízes numa região que acabou recebendo o nome de Franschhoek que significa “esquina dos franceses”. Nesse início da atividade acabou nascendo um vinho que viria a ganhar fama e prestígio mundial além de se tornar marca registrada da África do Sul com o nome de Vin de Constance, legendário vinho doce venerado pelas cortes européias contando com ilustres consumidores como Napoleão Bonaparte, Luis Felipe, rei da França, Frederico o Grande, Bismarck e toda casa real britânica. Era um vinho doce produzido com a cepa Muscat tendo se revestido como marco inaugural da vinícola Casa Klein Constantia, atravessando praticamente duzentos anos de fama indiscutível até ser “engolida” junto de seus pares pela Phylloxera Vastratix, praga que destruiu a maior parte dos vinhedos do mundo em sua marcha arrasadora nas décadas finais do século XIX. O início da participação holandesa destacou um importante governante, Simon Van der Stel que acabou emprestando o nome a importante região de Stellenbosch. Com a Revolução Francesa a África do Sul passou para o domínio britânico e a produção vinícola que estava num crescendo sofreu mudança do rumo pela substituição da qualidade pela quantidade. Mas não foi o pior acidente e sim o boicote internacional ao comércio com aquele país por conta do obscuro regime de “apartheid” que preconizava a segregação racial contra os negros que acabaria somente por volta de 1991 quando então o vinho sul-africano voltaria a ser reconhecido pelo mercado mundial. A regulamentação na produção já vinha sendo ensejada desde 1970 de modo que a partir daí o vinho africano praticamente renasceu exibindo todo seu esplendor desenvolvendo com galhardia os produtos principalmente com uvas francesas principalmente dando-se ao luxo de lançar uma cepa própria, a Pinotage, construida pelo professor Abraham I. Perold em 1925 obitida pelo cruzamento de Pinot Noir e Hermitage também conhecida por Cinsault, com o objetivo de “domar” a Pinot Noir, que dificilmente consegue ser convenientemente cultivada fora de seu berço natal, a Bourgogne. Não se pode deixar de mencionar que a uva Chenin Blanc é verdadeira marca registrada naquele país com produtos sensacionais sendo a mais cultivada com o nome local de Steen.

FAMILIA HESS

Em 1844 Johann Heinrich Hess funda uma cervejaria em Berna, na Suiça sua terra natal, dando início a 100 anos de história dessa tradicional bebida que se consagrou como principal atividade da família. Por volta de 1960 o filho Donald Hess busca novos caminhos buscando o ramo de hospitalidade e na produção de água engarrafada criando a marca Valser Água que se tornaria empresa líder no ramo de água mineral na Suiça. Mas o espírito empreendedor de Donald não parou por aí direcionando seus caminhos para o vinho e também pela arte fazendo nascer a Hess Family Estates transformada em verdadeira missão que iria unir seu amor pelo vinho e pela arte com a construção de uma vinícola que permitisse a produção da bebida com espaço para exposição de obras de arte. Em 1978 buscando a concretização do sonho no Novo Mundo, estabelece o vinhedo no Napa Valley na Caifornia comprando as vinhas em Mount Veeder. Desse início celebrado como promissor partiria para outros pagos implantando vinhedos e museus de arte, (adega museu) na Austrália, África do Sul e Argentina onde implantou uma de suas maiores vinhas em Salta província situada no extremo norte com altitudes incríveis (Bodega Estância Colomé – Turrell Museum James), atualmente aos cuidados de Benjamin Hess. Assim estava consagrado como grande produtor de vinhos e um dos maiores colecionadores de arte do mundo com exposições fantásticas em cada centro de produção.

ÁFRICA DO SUL – PAARL WELLINGTON

Nessa magnífica região da África do Sul, Hess introduziu sua atividade tendo celebrado em 2012 a vigésima quinta colheita, com produção de vinhos de alta classe que o consagraram com o título de “curador de vinhos clássicos”, sob o clima mediterrâneo quente e seco de Cape Winelands,contando com a colaboração enológica de Arco Laarman e Marius Cloete na viticultura.

GLEN CARLOU GRANDE CLASSIQUE 2011

É um vinho tipicamente bordalês utilizando Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Merlot, Malbec, Cabernet Franc, fermentado e estagiando em barricas de carvalho francês cada casta separadamente por 18 meses. Observou duas semanas de maceração pós-fermentação Alcança 14,5% de teor alcoólico.

ANÁLISE VISUAL – Cor rubi muito intensa, retinta com lágrimas abundantes e lentas.

ANÁLISE OLFATIVA – Irradia frutado copioso exibindo ameixa, amora e cassis com boa carga de especiarias doces, delicado alcaçuz e notas de tabaco acompanhadas de delicado balsâmico.

ANÁLISE GUSTATIVA – Intenso e provocante de textura granulada de taninos finos, acidez vibrante que levanta o conjunto. Encorpado com potencial para resistir ao tempo. Final longo e generoso lembrando a fruta do olfativo como geleia.

 

AVALIAÇÃO: 91/100

PREÇO: R$ 85,00

IMPORTADDORA: DECANTER – 3702-2020

 

SAÚDE!

Daniel Pinto – danipin@uol.com.br

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