DE MARTINO
A história dessa vinícola remonta ao ano de 1934 quando foi fundada por Pietro De Martino Pascualone procedente da Itália, que encontrou na Isla del Maipo distante cerca de 50 km de Santiago o lugar ideal para desenvolvimento de seus ideais. Essa região situa-se no Valle Del Maipo entre a Cordilheira dos Andes e o Ociano Pacífico, onde havia múltiplos braços do rio Maipo que secaram após o advento de formidável terremoto deixando apenas o que leva o nome atual. A empresa situada num desses braços secos, continua em mãos da família em sua quarta geração, sob a tutela enológica de Marcelo Retamal que desenvolve elogiável trabalho na produção de vinhos orgânicos oficialmente certificados, alcançando uma área de 300 ha depois de um início com 50 ha. Uma das virtudes mais importantes dessa empresa é levar em conta em seu trabalho, os conceitos de vinho de origem e vinho de terroir evidentemente sendo tratados sob a chancela de vinhos orgânicos desde 2001. Entendem por vinho de origem aquele produzido com uvas provenientes de uma zona delimitada geograficamente, com características de clima e solo que conferem ao mesmo peculiar tipicidade. A De Martino enquadra esses vinhos na linha Legado. Havendo especial interação do vinhedo com seu entorno tratam-no então como vinho de terroir dotados de uma personalidade única fazendo nesse caso parte da linha conhecida como Single Vineyard. Os visitantes são recepcionados com grande amabilidade em sua belíssima construção de estilo toscano onde provam os vinhos em aconchegante salão de degustação graciosamente decorado. Desde 1998 opera oficialmente pelas regras da produção orgânica. A Viña De Martino é pioneira no trabalho com a cepa Carmenère, tendo sido a primeira que em 1996 a elaborou e etiquetou um vinho visando o mercado exterior.
VINHO LARANJA
Esse vinho Viejas Tinajas é mais uma excêntrica concepção do famoso enólogo Marcelo Retamal no exercício de aguçar os nossos sentidos com relação à essa fantástica bebida que é o vinho. A denominação de vinho laranja se consagrou pela cor desse tipo de vinho ao se assemelhar com a fruta cítrica de mesmo nome. Essa característica é obtida graças à fermentação desse branco que diferentemente dos demais é feita em presença das cascas e permanência em contato durante bom tempo após o processo. É evidente que transforma algumas características olfativas e gustativas se comparadas com os brancos tradicionais como se verá no exemplo eleito para este artigo. Esse criativo enólogo da De Martino acrescentou outros detalhes tornando a amostra especialmente intrigante. O resultado é um vinho branco com alma de tinto.
VIEJAS TINAJAS MUSCAT 2015 – Retamal fermentou esse vinho com leveduras naturais observando cuidadosamente o critério de interferir o mínimo possível na produção. Essas uvas provenientes do Vale de Itata (sul da região central) de um vinhedo distante 20 km do mar plantado em solo granítico em 1975. Após a fermentação, o vinho permaneceu em contato com as cascas durante seis meses quando se procederam a fermentação malolática e remoção das cascas. Em seguida vem o toque genial de fazer o vinho repousar por mais seis em ânforas de argila. Nos anos de 2012 e2013 foi considerado como o melhor branco chileno pelo guia Descorchados.
ANÁLISE VISUAL – Vinho considerado exótico por excelência mostra essa qualidade já no aspecto visual que se apresenta de cor alaranjada com nítida turbidez explicada pelo fato de não ter sido filtrado.
ANÁLISE OLFATIVA – Os aromas abrem-se exuberantes por presença floral seguida imediatamente por notas de doce de casca de laranja, damasco, figo coadjuvados por toques terrosos e herbáceos num conjunto homogêneo de agradável intensidade.
ANÁLISE GUSTATIVA – Na boca apresenta-se como vinho seco cítrico com acentuada acidez e certa salinidade denotando nítido e agradável teor mineral. Presença de delicada adstringência já que foi por bom tempo deixado em contato com as cascas. Perfil próprio e singular tornando-o delicioso de beber.
AVALIAÇÃO: 93/100
PREÇO: R$ 114,00 – IMPORTADO POR DECANTER – 3702-2020
Saúde!
Daniel Pinto – danipin@uol.com.br