A primeira confraria de vinhos do Brasil
fundada em 1980


VINHO DO MÊS: VADIO BRANCO 2013 BAIRRADA/ por Daniel Pinto

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Trata-se de uma das mais importantes regiões vinícolas de Portugal, tanto em qualidade como em quantidade. Sua produção consta de documentos históricos datados do século X. Situa-se ao sul do Douro e à oeste do Dão, em direção ao mar. A paixão do bairradino pela cultura da videira e produção de vinho é tamanha, que transformou essa atividade em verdadeiro culto à perfeição. Para exemplificar, basta dizer que dos 400.000hl de produção anual, somente 15% recebem o certificado de VQPRD, principal título ligado ao comércio comum da Europa.

A Comissão Vitivinícola da Bairrada é quem organiza, fiscaliza e aprova os requisitos para o certificado, que incluem limites de produção, castas recomendadas, porcentagem mínima exigida de cada uma no corte, estágio em barricas de carvalho (geralmente 18 meses). Esse reconhecimento se concretizou a partir de 1979 quando foi elevada a DOC.

O solo apresenta uma proporção significativa de argila, ou barro de onde se originou o nome Bairrada, sendo, portanto, de pouca permeabilidade, determinando um cuidado especial na condução da videira. Além disso, costuma emprestar às cepas riqueza em composição o que acaba originando vinhos de grande estrutura e ricos de tanino. O plantio se estende ao longo do Vouga e Mondego emoldurados por montanhas pertencentes à serra do Buçaco. O rio Cértima da bacia hidrográfica bairradina nasce nessa serra. Os vinhos tintos são de cor granada, profundos, encorpados, aroma intenso e complexo, sabor penetrante e retrogosto persistente. Devem necessariamente obedecer a períodos de cerca de 18 meses de estágio em madeira, seguidos de envelhecimento na garrafa para atingir o grau de maturação ideal, com processamento adequado dos taninos que fazem parte de sua complexa estrutura.

Representam ótima companhia para o prato mais típico da região que é o leitão assado. Também os vinhos brancos têm se destacado na produção da Bairrada, fazendo justiça à grandeza de qualidade das castas brancas portuguesas que conseguem transformar qualquer experimentador em assíduo degustador desses vinhos e que provocam a sua lembrança quando se trata de indicar um vinho branco numa harmonização com alimentos. É impossível esquecer a presença de uma Cercial, Bical ou Arinto na escolha de um vinho branco português.

 

LUIS PATRÃO

Luis Patrão, nome destacado no universo do vinho português, fez uma pausa em sua lida como principal auxiliar de David Baverstock na famosa vinícola Esporão do Alentejo e encaminhando a realização de um antigo sonho, resolveu produzir um vinho de sua lavra na terra onde nasceu, interior da Bairrada. Concretizou assim um projeto familiar com o firme propósito de recuperar as tradicionais castas da região, com a cooperação de mão de obra familiar utilizando métodos com firme propósito de proteger a biodiversidade calcados na proteção à natureza. Para dar apoio ao projeto, adaptou um antigo armazém às necessidades do trabalho em vinificação e amadurecimento dos vinhos. O objetivo principal dado ao projeto foi observar o devido respeito à região levando em conta o caráter das cepas ali cultivadas. Um dos vinhedos, denominado Rexarte, foi recomposto em 2007 estando em situação geográfica com exposição à oeste oferecendo como base um solo franco-arenoso. Cerca de 0,5 hectares são dedicados ao cultivo de Cercial e Bical, deixando outros 0,3 hectares reservados ao plantio de Encruzado, Verdelho e Arinto em caráter experimental. Em homenagem à principal baga tinta da região, a Baga foi dedicada uma área para o seu cultivo, que aliás é feito também no vinhedo Bárrio na Vale de D. Pedro, onde em relevo relativamente ondulado de solo argilo-calcário. Como uma parte é composta de vinhedos antigos o local é chamado Bárrio Velho para diferenciar de outra intitulada Bárrio do Forno em zona onde existe calcário em abundância. Ambas originam o vinho tinto da vinícola chamado Vadio Tinto. À propósito, os vinhos brancos são vinificados em tanques de aço inoxidável, e, os tintos em lagares pequenos de onde se destinam para outro setor dotado de barricas para o devido amadurecimento. Luis Patrão também se dedica à produção de espumantes observando o método clássico com estágio mínimo de 12 meses em contato com as leveduras.

VADIO BRANCO 2013

Vinho obtido a partir de Bical (80%) fermentada em tanques de aço mantendo em repouso “sur lie”. Os 20% restantes são provenientes da cepa Bical fermentada em barricas usadas onde estagiam posteriormente por 8 meses. A produção não ultrapassa 1.500 garrafas. O teor alcoólico alcança 13% e a acidez total, 8,1 g/litro com pH 3,10. Vinho seco com açúcar residual de 1,2g/litro.

ANÁLISE VISUAL – Amarelo citrino límpido e brilhante.

ANÁLISE OLFATIVA – Aroma que rescende à fruta branca madura cheia e voluptuosa. Adorna o conjunto notas florais, acompanhadas de um complexo envolvendo toques herbáceos e minerais.

ANÁLISE GUSTATIVA – Na boca exibe evidente salinidade diluída em vibrante acidez lembrando limão. Estrutura suculenta não agressiva compondo grande concentração de sabor convidando a seguidos goles.

 

AVALIAÇÃO: 91/100

PREÇO: R$ 103,00 – IMPORTADORA ÉPICE – TEL. 2910-4662

 

Saúde!

Daniel Pinto – danipin@uol.com.br

 

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