A história da vitivinicultura do Uruguai começa igual a dos demais países das Américas, ou seja, com o descobrimento. Na América do Sul, os portugueses no Brasil e os espanhóis nas outras áreas levando seus hábitos e culturas. No Uruguai a chegada dos espanhóis aconteceu em fins do século XVI e com eles as primeiras mudas de videiras. Um detalhe curioso sobre esses espanhóis se prende ao fato de que eram constituídos em grande parte por expressivo contingente proveniente das Ilhas Canárias. Dai em diante a atividade se, concentrando-se em torno da cidade de Montevidéu, fundada em 1726. O crescimento da vitivinicultura uruguaia pode ser mais bem dimensionado e entendido procedendo-se a uma divisão em fases bem distintas:
Primeira fase do Desenvolvimento
Entrando no século XIX, o país comemora a chegada de imigrantes italianos, alemães, suíços, franceses e mais espanhóis que aportam com o objetivo de trabalhar principalmente no setor agrícola e mais particularmente no cultivo da videira e processos de produção de vinho. Com relação aos espanhóis chega um bom contingente de bascos, região situada no norte da Espanha com fortes tendências separatistas. Com eles chegaram as primeiras mudas de uma cepa que viria a se tornar emblemática no Uruguai, tornando-se praticamente a uva nacional: TANNAT. Como se sabe essa uva tem como berço o sudoeste da França, onde transmite ao vinho características bem peculiares, notadamente sua força tânica, requerendo longos períodos de envelhecimento antes de se tornar uma bebida agradável. Nesse contingente de imigrantes chegam dois espanhóis, Pascual Harriague e Augusto Vidiella que se tornariam verdadeiros heróis da vitivinicultura nacional considerados historicamente como fundadores da verdadeira vitivinicultura uruguaia.
PASCUAL HARRIAGUE planta o primeiro vinhedo de Tannat (1838) nos arredores de Salto (noroeste do Uruguai) iniciando a atividade com 200 hectares além da construção de uma “Bodega”.
AUGUSTO VIDIELLA, catalão, introduziu a cepa FOLLE NOIR e GAMAY BLANC nas imediações de Colon em 1874. Mais tarde o italiano Pablo Varzi foi quem intensificou o desenvolvimento da Tannat sendo um dos principais defensores das ideias de Harriague além de introduzir cepas francesas como Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec.
Daí para frente, a uva é a mais encontrada nos campos uruguaios, confirmando ser a mais bem adaptada ao clima úmido da região acrescido do solo argiloso-calcário, desenvolvendo todo seu potencial na produção de vinhos de cor intensa, acidez razoável, muito corpo, força tânica e alcoólica, tanto utilizada isoladamente como enriquecendo cortes bem temperados.
Segunda fase de Desenvolvimento
Nessa fase a atividade está fortemente controlada pelo estado com todos os defeitos que tal participação sempre empresta aos empreendimentos. Essa fase do desenvolvimento diz respeito ao período situado no século XX mais precisamente na década de 30, caracterizada por grande crescimento da produção e do consumo e pela quantidade em detrimento da qualidade.
Terceira fase de Desenvolvimento
A terceira fase da vitivinicultura uruguaia a atividade torna-se independente do estado e busca da máxima qualidade voltada principalmente para a exportação. A partir de 1974 tem início uma verdadeira revolução nesse campo de atividade com o aporte de grandes capitais externos que patrocinam o plantio de grandes áreas com mudas selecionadas, verdadeiras seleções clonais importadas da França e Califórnia.
Nessa fase foi importante o trabalho do Professor Boubals de Montpelier que confirma a necessidade urgente de reconversão dos velhos vinhedos o que começa a ser aceito pelos velhos produtores. Inicia-se também a criação em barricas de carvalho e principalmente a consciência da identidade da uva Tannat com o país.
Em 1988 é criado o INAVI – INSTITUTO NACIONAL DEL VINO com o intuito de apoiar, regulamentar e principalmente incentivar a vitivinicultura nacional. O passo mais recente deu-se em 1991 com a contratação do Professor Luis Hidalgo da Espanha para realizar a primeira aproximação e caracterização das diferentes regiões uruguaias. O país é membro reconhecido da OIV – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO VINHO tendo sido sede de Assembléia em 1995.
VINÍCOLA GIMÉNEZ MENDEZ
Essa vinícola está situada no sul do Uruguai a pouca distância do Oceano Atlântico onde se concentra o grosso da produção do país em ambiente de clima e solo abençoados para a atividade, orgulhosamente comparados à região de Bordeaux. Ocupa as áreas de Las Brujas, Montevideo, Los Cerrillos e Canelones, atingindo uma extensão de 100 hectares. Como o nome está a indicar, pertence à família Giménez Mendez, capitaneada por Marta Mendez, tendo como enólogos Luis Giménez Mendez, Mauro Giménez Mendez e Gaston Vitale de forte influência neozelandesa. O leque de cepas inclui além da Tannat, Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Shiraz, Marcelan, Arinarnoa e Petit Verdot, além das brancas Chardonnay, Sauvignon Blanc, Viognier e Torrontés. O trabalho da empresa está fincado em quatro pilares principais quais sejam: conhecimento, experiência, tecnologia e alta qualidade das uvas. A linha de produção conta com os seguintes vinhos: Las Brujas, Giménez Mendez Alta Reserva, Giménez Mendez Premium, Luis A. Giménez Super Premium e uma reserva especial comemorativa da marca criada em 1974 dos 100 anos da Bodega Vidiella fundada em 1874. Trata-se do vinho 100 Años Reserva Familiar, nas versões Tannat, Tannat Oak Aged, Tannat Roble e Cabernet Sauvignon.
LUIS A. GIMÉNEZ TANNAT SUPER PREMIUM 2007
Vinho exclusivamente de Tannat, obtido de colheita manual, cultivado em solo argiloso-calcário, no sistema de condução em Lira, muito comum no Uruguai. Com rendimento de 4.000 quilos por hectare dos vinhedos de Las Brujas e Canelones, alcança 14,3% de álcool, acidez total de 3,7g/litro e 2,4 g/litro de açúcar residual. Repousa em barricas de carvalho 50% francês e 50% americano de primeiro uso. As uvas foram escolhidas através de rigorosa seleção manual sendo fermentado por leveduras selecionadas por aproximadamente 20 dias. Após a fermentação segue-se a maceração por cerca de duas semanas para incrementar ainda mais a extração favorecendo a intensificação da cor, e polimerização antociano-tanino. Trata-se de um vinho típico para descobrir as qualidades características da cepa Tannat
ANÁLISE VISUAL – Vinho negro profundo imperscrutável a indicar uma poderosa estrutura.
ANÁLISE OLFATIVA – Grande temperamento olfativo exibindo frutas em compota, notas florais, presença marcante da madeira através da percepção de aromas tostados, defumados, café, e, especiaria notadamente cravo da índia.
ANALISE GUSTATIVA – Na boca é seco, generoso, muscular, untuoso, encorpado com taninos firmes, resistentes, porém sem rusticidade compondo um conjunto harmonioso e suportando com galhardia a carga alcoólica. Mostra com perfeição as características da Tannat e a máxima expressão do “terroir” onde nasceu.
AVALIAÇÃO: 92/100
PREÇO: R$ 160,00 – IMPORTADORA HANNOVER – Tel. 2638-0881/0879
Saúde!
Daniel Pinto – danipin@uol.com.br